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Notícias

Renovação e retorno das atividades dos Projetos em 2023

Associação Cultural Chiu Jin focará também na divulgação
da Cultura Oriental

No mês de Janeiro nossa Presidente Mariella Ferrari Figueiredo assinou  a renovação da parceria e continuidade de nossos Projetos Kung Fu Atleta & Cidadão e o Projeto Karatecas do Futuro para o ano de 2023, atendendo um total de 120 crianças de forma gratuita nos Bairros GEADA, CECAP, OURO VERDE E PARQUE HIPÓLITO em seus respectivos Centros Comunitários.

Foi uma cerimônia muito bonita que aconteceu na Prefeitura Municipal onde tivemos como anfitriões Sr. Prefeito Municipal Mario Botion, Secretário Municipal Luiz Augusto Zanon, Diretor de Esportes e responsável pela coordenação dos Projeto Emerson Sérgio. Quem representou e formalizou a parceria de nossa Associação foi a atual Presidente Sra. Mariella Ferrari R. Figueiredo, o Tesoureiro Alcibíades Savassi. 

Outras parcerias em várias modalidades foram também firmadas na oportunidade, podendo chegar ao número de mais de 3.500 crianças atendidas a partir de 07 anos que preferencialmente frequentam Escolas Públicas.

Esta é uma prova concreta que está dando certo e cada vez mais Entidades que estejam devidamente aptas poderão participar do Chamamento Público.

Nossa Associação foi uma das primeiras Entidades a formalizar a parceria em 2017, e com muito trabalho e dedicação procura aperfeiçoar e aprimorar o trabalho a qual se credenciou.

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Nossa Associação durante anos foi um expoente da Arte Marcial, sempre evidenciando que a práticas corporais orientais proporcionam saúde, qualidade de vida, condicionamento físico, defesa pessoal e ainda podemos ressaltar o lado competitivo, onde muitos atletas treinados em nossa Escola conseguiram grandes resultados em Campeonatos Regionais, Paulista, Brasileiro e Internacionais.

Agora entraremos em uma nova fase, divulgando também a Cultura de forma mais explícita. Poderemos até participar como parceiras de outras Entidades, porém, com a bagagem adquirida nos mais de 37 anos, realizaremos nossos próprios eventos. Para 2023 já estamos programando uma grande festa do Ano Novo Chinês e outros encontros.

Uma Entidade Limeirense séria, comprometida com o Esporte e a Cultura Oriental que há anos promove o nome de nossa cidade.

A importância dos valores socioeducativos do judô

Matéria extraída da Revista Budô - Por Me. Odair Borges

Este é um assunto bastante oportuno e propício nos dias de hoje, pois vivemos tempos difíceis no que se refere a educação. Os pais têm dificuldades e não conseguem controlar as informações que nossas crianças recebem diretamente da televisão e, principalmente, das redes sociais via internet. São gerações que estão sendo formadas sem valores, desorientadas e sem referências, não sabendo distinguir o certo do errado, gerando confusão mental e espiritual.

A convivência social do adulto é construída na sua infância, por isso as crianças necessitam aprender a cultivar sentimentos nobres como retidão, decência, honestidade e lealdade. Precisam ser orientadas no sentido de desenvolver princípios de civismo, aprender o valor da palavra e da dignidade humana, tudo o que vai norteá-las em sua ação futura, tais como o respeito à vida, aos mais velhos, à lei, à ordem, à disciplina, à linguagem, ao patrimônio público, à bandeira e ao Hino Nacional.

Como professores, educadores e professores de judô que somos, temos uma grande responsabilidade no sentido de transmitir e disseminar os valores filosóficos e educacionais do educador professor Jigoro Kano. Pelo fato de o judô ser uma modalidade de luta, somos admirados e respeitados como faixas pretas, e como professores kodanshas pelos nossos alunos, sejam eles crianças, adultos ou menos graduados. Como escreveu Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe, “tu te tornas responsável por aquilo que cativas”, do que se conclui que não temos o direito de decepcionar aqueles que nos admiram.

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Mestre Odair Borges - Kodancha - 8º grau de Judô

Tive o prazer da convivência e do aprendizado do judô com o meu pai e com os professores japoneses mais antigos que desenvolveram o judô em São Paulo. Mais tarde, como bolsista no Japão, tive o privilégio de ser aluno no Instituto Kodokan dos senseis Sumiyuki Kotani – na época, o último aluno de Jigoro Kano ainda vivo – e de Toshiro Daigo e Ichiro Abe, e na Universidade Waseda do sensei Yoshimi Osawa. Portanto, minha história, minha idade, minha experiência no judô e minha obrigação como kodansha me autorizam o relato, o comentário, a observação e a crítica.

Tradicionalmente os japoneses são devotados aos seus anciãos, e, aqui no Brasil, nos ensinaram de maneira simples – e até com certa dificuldade em se expressar – os gestos, os hábitos, posturas e costumes no que se refere a etiqueta, cortesia, respeito, disciplina, hierarquia, tudo que está implícito na prática do judô. Todos esses rituais, simbolismos e formalidades são essenciais porque nos sintonizam com o ambiente do judô, com a execução perfeita das técnicas, e não podem ser esquecidos, pois geram disciplina, e disciplina é um valor fundamental em qualquer atividade. A essência do judô guarda características únicas, que tiveram origem numa civilização das mais antigas, cuja cultura rica e milenar devemos disseminar por intermédio do judô. Temos, assim, a obrigação de aperfeiçoar o que recebemos e aprendemos. É nosso dever manter o judô em sua forma integral para que seja passado adiante para as próxias gerações, como um débito que deve ser pago às gerações que nos precederam.

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“Não há fim para o aprendizado e o conhecimento. Quando você começa a sentir que é um mestre não está mais no caminho a ser seguido.”

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O Kodokan deixa bem claro nas suas orientações que nós, professores kodanshas, não deixemos de sempre orientar os menos graduados e que não podemos perder as referências e a estrutura do conjunto de ideais do professor Jigoro Kano que nos dão consistência moral e filosófica. O denominado caráter japonês é formado pela curiosidade intelectual, amor às letras e artes, busca pelo conhecimento, gosto pelo ensino e paciência no aprendizado. São traços remotos que permeiam a própria história do Japão. São virtudes que, com o tempo, tornaram-se a moral das atividades militares, literárias e sociais, crescendo juntamente com o Bushidô, o código de ética do guerreiro samurai.

Tudo isso faz parte do complexo cultural que denominamos educação, principal alicerce da cultura japonesa. Uma característica que torna os japoneses muito especiais é o relacionamento que existe entre as diferentes gerações. Mais do que em outros lugares do mundo, o vínculo entre os mais velhos e os mais jovens é respeitoso, empático e afetuoso. Para eles, o mais velho, o professor, o mais graduado, o senpai, o kodansha e o idoso são pessoas com sabedoria, que merecem a maior consideração.

Na sua posição como grande educador, o professor Jigoro Kano, quando diretor da faculdade de educação na Universidade de Tokyo, já se preocupava com a atividade física e o bem-estar de seus alunos e funcionários, e os orientava para a prática de qualquer atividade esportiva. Em seu pensamento “a educação estava inclinando-se indevidamente somente para a cultura intelectual e, se nada fosse feito, os aspectos físicos e morais da educação tornar-se-iam deficientes” (Kano, J. – Yuko no Katsudo, vol.5, nº 8, 1919). Ele queria dizer que um corpo saudável é a base, o sustentáculo para as atividades mentais, pois sem saúde não temos atividade intelectual. E que “o corpo é o alicerce ou a coluna sobre a qual se sustenta a alma, no qual o espírito e o intelecto se assentam”. Portanto, “quem não consegue cuidar de si mesmo, negligenciando o cuidado com sua própria saúde, não terá condições de oferecer qualquer benefício aos outros”. E concluiu: “Para nos aperfeiçoarmos não podemos esquecer nem por um momento que precisamos ser úteis e beneficiar a humanidade, influenciando e dando exemplo de vida com saúde física, mental, de comportamento social e de bons hábitos e costumes”. Em sua importante citação Jita-Yuwa- Kyo-Ei, o professor Jigoro Kano quer evidenciar a harmonia e a prosperidade mútua, em nível físico e espiritual, por meio da união de forças recíprocas.

Hoje temos um grande número de kodanshas, e ser portador, usar essa faixa vermelha e branca, não pode e não deve ser objeto de ostentação. Ser graduado neste nível requer estar atualizado, pois quanto maior a graduação maior a responsabilidade. É primordial o estudo contínuo técnico e pedagógico, assim como participar de grupos de estudos e pesquisa, transmitir conhecimento, enfim, estar ativo nos cursos, padronizações, eventos e administração do judô.  Em nossa condição de kodanshas, somos os guardiões dos valores morais e educativos a serem preservados e transmitidos por intermédio do judô sem nenhuma conotação política, religiosa e ideológica. Precisamos deixar de lado algumas vaidades e aceitar – pelos mais diversos motivos – nossas dificuldades e admitir que necessitamos de cursos e ou seminários de capacitação, até mesmo sob orientação de professores mais jovens e menos graduados, mas que possuem, cada um na sua área de especialização, uma visão mais acadêmica, científica e técnica – mesmo porque Kano Shihan era praticante, acadêmico e educador. Essa união, esta concordância dos mais jovens, somada à nossa extensa experiência, é de fundamental importância para agregar conhecimento, além de ser imprescindível na manutenção das tradições, para que possamos continuar sendo fiéis ao nosso compromisso de manter o judô em alto nível, não só como esporte olímpico, mas como modalidade altamente educativa.

Enfim, não podemos nos deixar influenciar pelo processo de destruição de valores a que temos assistido em nossa sociedade, e sim buscar sempre uma boa formação sob a luz da tradição e de toda a bagagem filosófica e educacional do shihan Jigoro Kano.

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Professor Me. Odair Borges é 8º dan pela Confederação Brasileira de Judô e 7º dan pelo Instituto Kodokan (Tóquio), além de mestre em educação física pela USP

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